sábado, 29 de dezembro de 2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Quando poderemos dizer que é Natal?


Quando poderemos dizer que é Natal?
Quando os preparativos todos se avizinharem do fim
segundo o mapa que nós próprios estabelecemos
ou quando nos acharmos pequenos e impreparados,
à espera do que vai chegar?
Quando, seguras de si, as mãos se fecharem
sobre tarefas e embrulhos 
ou quando se declararem simplesmente disponíveis 
para a reinvenção da partilha e do dom?

Quando poderemos dizer que é Natal?
Quando os símbolos nos saciarem com o seu tilintar encantado
ou quando aceitarmos que tão só eles ampliem 
o tamanho da nossa sede?
Quando nos satisfizer o vento que sopra de feição
ou quando avançarmos entre contrários
provados pela aspereza e pelo silêncio
unicamente movidos por uma confiança maior?

Quando poderemos dizer que é Natal?
Quando a fronteira do calendário ritualmente nos disser
ou quando, hoje e aqui, o nosso coração ousar?

José Tolentino Mendonça

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Entre o riso e um sorriso - Mensagem de Advento


O Advento bate-nos à porta!
Porque vivemos o Ano da Fé, gostaria de centrar esta mensagem a partir de uma história de fé, retirada da família de Abraão, o nosso “pai na fé”. Abraão e Sara, sua esposa estéril, encontravam-se já em idade avançada quando são surpreendidos por uma promessa de Deus: “daqui a um ano, Sara será mãe!” (Gn 18,10) Perante aquela profecia, Sara perdeu-se de riso por incredulidade (Gn 18,12), pois considerava o facto impossível. Todavia, o facto tornou-se realidade e o riso da descrença na promessa transforma-se agora num sorriso de confiança, pois “Deus faz-me sorrir e todos, os que souberem, podem sorrir comigo!” (Gn 21,6). Como consequência, o nome deste filho só poderia ser Isaac, que significa “Deus sorri”.
Neste sentido, o Advento apresenta-se como um tempo no qual somos desafiados a sorrir: a passar do riso da descrença ao sorriso da confiança na promessa da vinda do Messias, que habitará no meio de nós. Trata-se sobretudo de um exercício de fé em “Deus Pai todo-poderoso”! E para este exercício semanal, ao ritmo do evangelho, proponho a caminhada que o nosso Departamento de Animação Bíblica da Pastoral preparou para este tempo.
Mas quem é este Deus, que é Pai e todo-poderoso? Deus é Pai porque o seu Filho, que se fez homem, nos disse. Dessa paternidade comum emerge a fraternidade na diferença: todos somos irmãos e irmãs com a mesma dignidade. E Deus é todo-poderoso porque é o Amor Supremo. Ele ama tudo, até a nossa fragilidade, como no caso de Sara! O poder de Deus reside no Seu amor, que transforma a realidade através da mediação de uma resposta livre à sua proposta: a fé. Esta é o antídoto da idolatria, que tantos profetas outrora denunciaram, como nos recordará a liturgia da Palavra, e que tantos ícones sociais contemporâneos nos tentam impor diariamente.
“A fé, precisamente porque é um ato da liberdade humana, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita.” (Bento XVI, Porta Fidei, 10). Humanamente pode não haver muitas razões para sorrir, mas a nossa vigilância profética exige uma atenção especial aos irmãos desfigurados pela factura social hodierna. A corresponsabilidade fraternal, como um dos rostos da fé, é assim um caminho que resgatará muitos da visão pessimista da vida.
Por último, um dos cantores que esteve presente no concerto de encerramento do Átrio dos Gentios tem uma música na qual se afirma: “Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco!” Por isso, peço às comunidades que sejam “profetas” do anúncio da chegada do Messias, que nos revelará a identidade do Deus que nos criou e nos ama. Que empreguem Deus nos mais variados parâmetros da sociabilidade humana, fazendo os outros “pensar um pouco”. E que, como Sara, não descurem o sorriso da confiança, que é simplesmente o melhor testemunho que podemos dar de Deus.
Uma boa caminhada de Advento para todos nós!
+ Jorge Ortiga, A. P.
23 de Novembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tempo de Advento...


***Oração***


A porta da fé que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na Sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixar plasmar pela graça que transforma.
É o amor de que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o Seu Evangelho a todos os povos da Terra. Este ano o Papa Bento XVI propõe aos jovens “Ide e fazei discípulos em todas as nações”. Mas para isso temos de tomar consciência do amor que Jesus Cristo nutre por cada um de nós. Só depois, animados pelo Espírito Santo, conseguimos agarrar esta missão e este pedido.
Iniciamos também nos próximos dias a caminhada do Advento. Durante este tempo de preparação para o Natal somos convidados a abrir o nosso coração às portas da fé.
Pensemos“Quero aceitar o convite que o Papa Bento XVI me faz?”, “Estou disposto a abrir o meu coração à porta da fé, esta que é companheira de vida?”, “Como tenciono viver estas semanas que antecedem o Natal?”

Publico o texto de entrada utilizado na oração que realizamos na passada sexta-feira. Durante a oração fomos respondendo a estas questões. Mas, mais uma vezes, voltemos a olhar para elas. O que nos hoje? Agora?. Partilhem...

Porta da Fé - Parte IV


"À luz de tudo isto, decidi proclamar um Ano da Fé. Este terá início a 11 de Outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de Novembro de 2013. Na referida data de 11 de Outubro de 2012, completar-se-ão também vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu Predecessor, o Beato Papa João Paulo II,[3] com o objectivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé. Esta obra, verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985 como instrumento ao serviço da catequese[4] e foi realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de Outubro de 2012, tendo por tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Será uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé. Não é a primeira vez que a Igreja é chamada a celebrar um Ano da Fé. O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, proclamou um ano semelhante, em 1967, para comemorar o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo no décimo nono centenário do seu supremo testemunho. Idealizou-o como um momento solene, para que houvesse, em toda a Igreja, «uma autêntica e sincera profissão da mesma fé»; quis ainda que esta fosse confirmada de maneira «individual e colectiva, livre e consciente, interior e exterior, humilde e franca».[5] Pensava que a Igreja poderia assim retomar «exacta consciência da sua fé para a reavivar, purificar, confirmar, confessar».[6] As grandes convulsões, que se verificaram naquele Ano, tornaram ainda mais evidente a necessidade duma tal celebração. Esta terminou com a Profissão de Fé do Povo de Deus,[7] para atestar como os conteúdos essenciais, que há séculos constituem o património de todos os crentes, necessitam de ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado."